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Aprendendo com os dados da pandemia - Parte 2

Com a repercussão da Parte 1, decidimos expandir o tema e trazemos para vocês a continuação de nosso texto anterior. Aqui iremos discutir mais dados econômicos e financeiros sobre o comportamento das empresas brasileiras durante a crise da Covid-19, assim como algumas consequências da pandemia em seus resultados e atividades.

Aprendendo com os dados da pandemia - Parte 2

Contexto:

Na Bevert, enquanto nos mantemos seguros em casa, persistimos com uma ideia: não podemos sair dessa sem aprendermos muito! E entre um Skype ali e um Zoom por aqui, continuamos recebendo diversos estudos sobre o comportamento das empresas durante a pandemia. Esse grande volume de dados nos gera bastante informação, mas é necessário transformá-los em conhecimento. E é exatamente isso que buscamos!

Nessa segunda parte, iremos interpretar mais alguns dados que foram divulgados entre junho e julho sobre as consequências da pandemia nas empresas brasileiras e como elas estão se comportando. Em tempo, os dados não são animadores, mas podem nos servir de alerta para que possamos estar mais preparados para o que ainda está por vir.

 

1 - Atualizando as perspectivas para a Economia Criativa

A economia criativa conseguirá sair da crise provocada pela pandemia? Sim, mas só voltará aos níveis de 2019 em 2022. É o que diz um estudo do SEBRAE em parceria com a FGV e o Governo do Estado de São Paulo. Corroborando alguns dados que mostramos na primeira parte, a imensa maioria das empresas desse setor teve queda em seu faturamento a partir de março de 2020 (86,6%) e grande parte dos empresários acredita que o período de crise (e de dificuldades) irá durar até Janeiro de 2021 (30,9%) ou mais que isso (25,5%). O gráfico abaixo condensa o que os empreendedores consideram ser as principais ações para o enfrentamento da crise:

 

Medidas_desejadas_empresários_economia_criativa_pandemia_covid19Avaliações de ações para o enfrentamento da crise
Fonte: SEBRAE, FGV e Gov. SP

 

Conforme podemos visualizar no gráfico, após menção às medidas de aspecto governamental, as principais requisições do setor ganham contornos de gestão financeira. Empatados em nível de importância, renegociação de empréstimos (71%) e abertura de linhas de crédito para capital de giro (71%) ocupam lugar de destaque. Entretanto, é importante destacar que estamos falando de duas decisões complexas, que demandam não apenas conhecimento financeiro em tempo real da empresa, mas também dois aspectos que estão escassos atualmente: cautela e tempo!

2 - As pequenas empresas sofrem mais

O número de falências e pedidos de recuperação judicial – que é, de forma simples, a situação em que a empresa tem a chance de se manter operando para cumprir suas obrigações com credores – atingiram níveis elevados em junho. Comparado ao mesmo período de 2019, os pedidos de recuperação judicial cresceram 44,6% e o de falências decretadas atingiu 71,3%. Para compreendermos o tamanho do problema, esses dados são compostos em boa parte pelas empresas que já estavam com problemas financeiros antes da pandemia. Ou seja, este é só o primeiro capítulo. Até o final do ano, espera-se que os números fiquem até quatro vezes maiores.

 

Falências_empresas_brasileiras_crise_covid19Pedidos de falência e recuperação judicial - Por porte 
Fonte: Boa Vista SCPC

 

Além disso, como podemos ver no gráfico acima, as pequenas empresas são destaque tanto nos pedidos de falência quanto de recuperação. Soma-se a isso o fato do setor de Serviços, que é majoritariamente composto justamente por pequenas empresas, também ter sido o mais atingido. Via de regra, o grande condicionante para que a empresa tenha esse destino é o caixa (sempre ele). Como a maioria dos pequenos empreendedores tem, em média, apenas 27 dias de caixa para sobrevivência, a situação ficou insustentável já faz tempo.

Observando os números, podemos afirmar que vida de pequeno empresário não é tranquila. O problema é que ela tem piorado até mesmo quando a empresa fecha. É o que veremos a seguir...

3 - Em busca de alternativas

Muitos daqueles que perderam seus empregos ou tiveram de fechar suas empresas estão atuando como informais ou integrando a economia compartilhada como MEIs. O aumento das entregas por aplicativos – juntamente com a diminuição da produção nas fábricas – acabou gerando até mesmo uma escassez de motocicletas no país. Entretanto, a situação atual não é boa. Primeiramente, 90% dos MEIs tiveram queda na renda após o início da pandemia. Para termos uma comparação, até março, 8 em cada 10 microempreendedores recebiam acima de um salário mínimo por mês. Atualmente, 7 em cada 10 estão ganhando um valor de até US$ 200 por mês, o que equivale a pouco menos de um salário mínimo. Ou seja, a situação se inverteu.

 

Renda_MEI_crise_coronavírus_covid19Queda na receita - Antes e depois da pandemia
Fonte: Neon e 60 Decibels

 

A situação mais desesperadora, entretanto, são as medidas que essas pessoas estão tomando para se manter. Apenas 8% ainda estão na fase de cortar gastos com lazer ou consumo supérfluos, como roupas. Uma imensa maioria já está cortando gastos com alimentação (53%) e utilidades domésticas (29%). Desses, 42% não tem sequer mais esperança de sair da crise

:(

Conclusão

Os impactos da pandemia nas atividades das empresas foram duros e temos a percepção de que o pior já passou. De toda forma, as consequências ainda estão sendo percebidas e serão percebidas por mais algum tempo. Para os empreendedores em geral, toda essa situação realça a importância que um planejamento pode ter na vida de uma empresa. Com o planejamento correto, os efeitos negativos de momentos como esse podem ser minimizados, dando esperança para que tudo volte ao normal quando a situação melhorar.

Por fim, cabe destacar que correntes de solidariedade e ações sociais ainda são extremamente bem-vindas para que os mais afetados sejam amparados. Apoie o pequeno negócio, doe o que não utiliza e seja empático! Não deixe de contribuir com quem precisa!

21 de Julho de 2020

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