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Automação e o mercado de trabalho do futuro: a situação das mulheres

A situação do mercado de trabalho atual não é animadora. Por exemplo, a desigualdade de gênero faz com que homens recebam mais que as mulheres em todas as camadas sociais. Além disso, a população mundial – e brasileira, em maior grau – ainda não está plenamente preparada para os efeitos da automação dos postos de trabalho. E qual será a situação das mulheres nesse cenário?

Automação e o mercado de trabalho do futuro: a situação das mulheres

Contexto:

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho é real. Se ela não existisse, o PIB nacional aumentaria em R$ 850 milhões até 2025. No cenário como um todo, é possível dizer que existe apenas uma “igualdade”: a diferença entre os rendimentos de homens e mulheres ocorre tanto nos 50% mais pobres quanto nos 10% mais ricos da sociedade.

Sendo assim, cabe refletir sobre algo bastante atual: se as condições atuais no mercado de trabalho já não são fáceis, como será no futuro, onde o mercado de trabalho se transformará por completo? A McKinsey, uma grande consultoria estratégica mundial, desenvolveu um relatório que traça o panorama das mulheres no mercado de trabalho do futuro, onde a automação é realidade nos postos de trabalho e tarefas rotineiras e de baixa cognição são realizadas completamente por máquinas.

O estudo traçou um panorama até o ano de 2030, levando em consideração um cenário de automação médio, ou seja, sem as previsões apocalípticas ou aquelas excessivamente otimistas. Adiantamos que os resultados não são catastróficos, mas exigem muita reflexão por parte de todos os elos da sociedade. Então, vamos a eles!

 

Resultados:

Para o futuro, uma coisa é certa: homens e mulheres precisam se adequar a novas tarefas. Entretanto, caso as mulheres consigam realizar uma transição entre trabalhos menos cognitivos, rotineiros e estáticos, para trabalhos que demandem habilidades, flexibilidade e conhecimentos tecnológicos, conseguirão postos de trabalho mais produtivos e que remuneram melhor. Mas, caso essa transição não ocorra, o gap entre os gêneros tende a aumentar.

Por exemplo, o número de postos de trabalhos perdidos para os dois gêneros é relativamente igual, sendo 20% para as mulheres e 21% para os homens. Isso acontece porque homens e mulheres, ao decorrer dos períodos de industrialização, se aglomeraram em postos de trabalho distintos, tanto em economias desenvolvidas quanto nas emergentes. Por exemplo, nas economias desenvolvidas, mais de 70% dos postos de trabalho como assistentes administrativos são ocupados por mulheres. Por outro lado, apenas 15% são operadoras de máquinas. Já no caso do setor de saúde e assistência social, 70% dos trabalhadores são mulheres, somando economias desenvolvidas e emergentes. Nesse cenário, homens perderiam postos de trabalho por estarem fortemente vinculados a atividades que exigem esforço físico, e, no caso das mulheres, atividades rotineiras.

Passada a perda de empregos, podemos nos voltar para os empregos que serão gerados. No geral, mulheres estão mais propensas a conseguirem assumir os empregos que serão gerados no futuro, devido aos setores que já trabalham e as tendências econômicas futuras — envelhecimento da população, aumento no consumo de serviços e investimento em infraestrutura e energia. Entretanto, a geração de emprego tende a ocorrer em maior grau nas economias emergentes. No caso das economias desenvolvidas, os empregos tendem a aparecer apenas nas áreas acadêmicas, técnico-científicas e de saúde. Conforme vimos anteriormente, as mulheres tem maior predominância no último setor, mas pouca presença nos dois primeiros.

 

Medidas_Necessárias_Inclusão_Mulheres_Mercado_de_trabalho_Futuro

 

Para captar postos de trabalho nessas áreas, será necessário que as mulheres quebrem paradigmas e barreiras seculares, como maior inserção no estudo e desenvolvimento tecnológico, crescimento de redes de contato e maior mobilidade no trabalho. Nesse momento, os aspectos sociais tomam conta do conflito. Além do mais, é sabido que as áreas de ciências e tecnologia aplicada são predominantemente masculinas, mulheres possuem dificuldade para se locomover para o trabalho — tanto em aspectos vinculados à maternidade quanto de violência nas cidades -, além de possuírem dificuldades para criarem redes e laços em sociedades mais tradicionais.

Por outro lado, algumas notícias são positivas. A grande maioria dos postos que serão gerados no futuro estarão vinculados à educação superior, e, no cenário mundial, as mulheres possuem mais diplomas universitários que os homens. Além disso, habilidades sociais e emocionais estarão em alta, o que pode favorecê-las.

 

Conclusão:

O mercado de trabalho do futuro é complexo, com a inclusão de novos atores e também a mudança nas formas de se trabalhar e fazer trabalho. No momento, é necessário que possamos refletir sobre a nossa condição atual e como ela nos levará até o futuro adiante.

Barreiras sociais e estruturais históricas deverão ser superadas para que as mulheres possam finalmente adquirir paridade no mercado de trabalho, e esta luta passa por todos nós. Importante destacar também a necessidade de que, no momento em que as grandes substituições dos humanos por máquinas ocorrerem — e elas já estão ocorrendo, pouco a pouco -, a luta pela sobrevivência e manutenção do emprego não se torne uma guerra dos sexos.

23 de Janeiro de 2020

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